A Alemanha estava arrasada. O período pós-guerra foi doloroso para todos os derrotados e em geral até mesmo para os "vencedores" a guerra deixo seus reflexos. A Europa em termos gerais estava destruída, a África enfrentava seus problemas e os Estados Unidos tinham seu primeiro impulso para figurar entre as maiores potências do cenário mundial. Os derrotados, porém, sofreram muito mais que perdas físicas e a grande maioria deles passaram por revoluções sociais, geográficas e políticas. As duas principais nações das quais Hitler nutria grande antipatia, os tchecos e eslavos, se uniram em uma única nação: A Tchecoslováquia. A Áustria separou-se do império Austro-Húngaro e passou a ser uma república socialista, a Hungria por sua vez após um governo de coligação formada por liberais e socialista, teve uma breve experiência comunista, mas por sua ineficácia em manter a segurança e a ordem sofreu um golpe e se tornou novamente um reino sem um soberano reconhecido. O Império Russo grande parte dos países bálticos (Finlândia, Estônia, Letônia e Lituânia).
Todos os países perderam muito com a conclusão da guerra, mas a grande injustiçada, segundo a ideologia nazista, era a Alemanha. Mostra-se ser verdade o fato da Alemanha ter sofrido sérias sansões devido ao Tratado de Versalhes, sansões essas que fizeram que o líder socialista Sheidemann, que dirigia o governo alemão, se demitisse alegando que preferia a morte ao ter que aceitar as cláusulas do Tratado. Demograficamente ela perdeu territórios importantes como a Prússia Oriental e a região dos Sudetos, além de ter de ceder terras a França (as províncias de Alsácia e Lorena) e a Polônia (as províncias alemãs da Silésia e da Pomerânia). No campo econômico, a nação alemã foi obrigada a pagar uma indenização de cerca de 269 bilhões de marcos, reduzida depois para 132 bilhões . Quando falamos de poderio militar, a Alemanha sofreu restrições quanto ao número de soldados e as máquinas de guerra que poderia possuir. Pelo que podemos ver, o Tratado de Versalhes tinha como objetivo responsabilizar a Alemanha pela guerra como porta-voz das Nações do Eixo e impor sobre ela as restrições para não pudesse novamente influenciar o mundo de maneira militar, econômica ou política.
Num período pós-guerra político a Alemanha estava nas mãos de um governo provisório republicano regido por partidos de maioria socialista de política moderada das quais se figuravam com destaque Ebert (1° Presidente da Alemanha Republicana), Scheidemann e Haase. O caos dominava as ruas de Munique e o governo provisório alemão não foi capaz de segurar o ímpeto nacionalista da nação que acha os termos do Tratado de Versalhes eram abusivo e de grande interesse das nações que se opunham ao crescimento da Alemanha, o resultado disso é que entre abril e maio de 1919 as ruas, o parlamento e o cenário político-social da Alemanha formavam um cenário perfeito para o surgimento de partidos nacionalistas de apelo emocional e tendo como base uma política ditatorial.
Em torno dessa época, Hitler já havia deixado Pasewalk onde se tratava de ferimentos de guerra e vagava nas ruas de Munique procurando emprego. A Reichswehr (Forças-Armadas) o empregaram como espião para vigiar a crescente onda de reuniões políticas de partidos menores que surgiam a torto e a direito em uma nação derrotada e subjugada em um guerra. Foi nesse período que conheceu o Partido Operário Alemão (dirigido por Anton Drexler) e o Círculo Político dos Trabalhadores (dirigido por Karl Harrer). Em certa reunião do Partido Operário Alemão, um dos seus membros de origem Bávara defendeu a separação da Baviera do resto do Reich alemão e foi duramente repreendido por Adolf que gesticulava e batia os pés enquanto defendia seu ponto de vista, ao final de seu discurso e da reunião do partido Drexler queria conhecer melhor o austríaco que nutria tanto amor pela Alemanha. Conversaram por longas horas e no final Adolf talvez tenha recebido a resposta se ainda lhe restava alguma dúvida sobre sua carreira politica, recebeu um exemplar do folheto “Meu Despertar Político” escrito pelo próprio Anton Drexler. A partir deste dia se iniciou a carreira política de Adolf Hitler e seu primeiro grande evento político seria modesto e nada inspirador.
Os dois partidos que Hitler passou a conhecer devido a seu serviço de espião das forças-armadas se uniram em um único partido e o primeiro evento partidário foi na cervejaria Hofbräuhaus Keller com apenas cento e onze pessoas na assistência. Karl Harrer, então presidente do comitê, não se impressionou muito com a oratório de Hitler, mas lhe deu um cargo de importância no partido devido a consideração que tinha por seu amigo e companheiro de partido Drexler. Hitler passou a coordenar a propaganda do novo partido e seu primeiro evento público conseguiu lotar o salão de festas de Hofbräuhaus com uma assistência de duas mil pessoas, colocando em xeque qualquer duvida que tivessem sobre sua competência e habilidade política.
Foi provavelmente durante esse período que Hitler desenvolve seu senso entre a propaganda e a organização dentro da esfera de um partido político. Segundo diz anos mais tarde, a propaganda tem um objetivo básico: Conquistar partidários para a doutrina básica divulgada pelo partido, porém, as funções da propaganda não terminam aí. Segundo suas ideias a propaganda tem ainda mais duas obrigações primordiais para que seja efetiva: (1) Deve escolher homens destinados à organização e (2) derrubar a situação existente por meio de uma nova doutrina. Já quando falava a respeito de organização, Hitler pensava em um conceito diferente, pensava que ela tinha por único objetivo lutar para se conseguir o poder.
Por seus serviços ao partido logo Adolf ganharia apoio de renome e poder no meio da organização militar da Baviera: Roehm, membro do Estado Maior do Exército no distrito de Munique, uma amizade poderosa para quem tem ambição e a sabe usar para crescer rapidamente na carreira militar ou dentro de um partido. Devido a influência que passou a exercer sobre os outros e a qualidade de seu trabalho em pouco tempo Adolf Hitler estava substituindo Harrer na direção frente ao Partido Operário Nacional-Socialista Alemão. Uma vez no cargo de presidente do partido, adotou medidas mais severas quanto a elementos que lembravam a democracia ou parlamentarismo, como por exemplo a extinção da comissão de propaganda composta entre 1920-1921 (conceito que achava absurdo e estapafúrdio se recusando muitas vezes a participar de reuniões dessa comissão no passado).
Com o apoio de Roehm convenceu o general Ritter von Epp a fornecer apoio financeiro ao partido possibilitando a compra de um periódico que recebeu o nome de Völkischer Beobachter (Observador do Povo), que tinha por objetivo disseminar a politica antissemita sem qualquer pacifismo ou neutralidade, pois esses não eram os princípios que Hitler acreditava: “[...] o que as multidões querem é contemplar a vitória do mais forte e a destruição do mais débil.”
A partir do início de sua carreira política Adolf Hitler desenvolveu sua característica de oratória de maneira exemplar, veja abaixo algumas das frases que ele acreditava serem o segredo de se conquistar uma multidão.
“O orador, guiado de contínuo pelo seu próprio auditório, o qual lhe permite emendar a sua arenga, e conduzido pela observação do semblante dos seus ouvintes, pode a todo momento saber até que ponto conseguem estes acompanhar com inteligência os seus argumentos, além de comprovar se as suas palavras produzem o efeito desejado, ao passo que o escritor não tem nenhum contato com os leitores. Daí o fato de não poder preparar as suas frases com o fim de atingir à multidão postada à frente dos seus olhos, vendo-se, pelo contrário, forçado a discorrer em termos gerais.”
“Suponhamos que um orador observa que o seu auditório não o compreende: Deve aclarar os seus conceitos de uma forma tão sensível e elementar que ninguém deixe de interpretá-lo. Se percebe, por outro lado, que os seus ouvintes são incapazes de seguir o fio de seu discurso, reconstrói lenta e cuidadosamente as suas ideias, para que as intenda até o menos inteligente. E também, que o público não dá provas de se convencer do acerto dos seus argumentos, pode repeti-los um e outra vez, ilustrá-los com novos exemplos e replicar às mudas objeções dos assistentes. Assim prosseguirá, até que o último reduto da oposição lhe manifeste, com a sua conduta e as suas expressões, que capitulou diante dos raciocínios reunidos para demonstrar o caso.”
“Tudo o que se repete incessantemente diante de uma multidão seja verdade ou mentira, ela acaba acreditando. É necessário, apenas, repetir a mesma coisa.”
Um pequeno blog despretensioso que tem por objetivo mostrar a história pelo que realmente é: Fatos analisados friamente de modo neutro.
"Eu dedico esse concerto à senhora justiça que há muito tempo tirou férias desse país e em reconhecimento ao impostor que tomou o seu lugar." - (V de Vingança)
terça-feira, 25 de julho de 2017
segunda-feira, 24 de julho de 2017
I Guerra Mundial
Antes de prosseguirmos por esse relato da vida de Hitler, é bom pararmos e darmos uma olhada na Europa durante esse parte da vida dele, pouco antes de sair da vida de mendigo e ingressar na carreira militar alemã.
O mundo já possuía um cenário de guerra no inicio de 1914, porém, muito mascaradamente, explico porque. Muito se diz de Julho de 1914, mas, pouco se fala a respeito de Janeiro-Junho do mesmo ano. Relatos da época dizem que esses meses foram os mais pacíficos da História, a terra usufruía de grande paz entre as pessoas e entre os países, parecia mesmo que todos os problemas começariam a se resolver de maneira espontânea, mas, sabemos que essa era a visão que as pessoas tinham acerca do mundo daquela época, a verdade era que a muito tempo os países se preparavam para uma guerra, por exemplo, a Alemanha em tempos de paz chegou a ter 760 mil homens armados e treinados para as mais diversas funções em um exército. Com a campanha armamentista alemã, a França também preparou-se para o conflito e passou a acrescentar em suas fileiras mais 750 mil homens e isso se estendeu por todos os países da Europa que chegavam a cerca de 20 países. Em 28 de Junho de 1914 ocorre o estopim da guerra, o assassinato do Arqueduque Francisco Ferdinando e sua esposa Sofia Chotek. No dia 23 de Julho de 1914, Viena envia um ultimato a Sérvia para o julgamento dos culpados e que eles sejam entregues para punição, obviamente a Sérvia se nega o que cria um conflito entre os países e se espalha pela Europa. No dia 28 de Julho de 1914 estoura oficialmente a guerra.
O cenário político Austro-Húngaro pré-guerra favorecia em muito o surgimento de uma classe de pessoal antissemitas e de extrema direita pelos partidos políticos atuantes em sua época, exemplos disso são os partidos Nacional Pangermânico de Georg Van Schoenerer e o Social-Cristão de Karl Lueger, dois nomes que influenciaram grandemente o pensamento nazista antissemita. Lueger era um político talentoso que conseguiu converter a Igreja Católica Apostólica Romana em uma grande aliada política apesar de sua política de ódio baseado na ordem religiosa e econômica (que Adolf Hitler acham ser motivos muito vagos para se basear o antissemitismo). Desse mesmo adorou anos depois o partido nazista a ideia das Knabenhorte (jovens uniformizados carregando bandeiras desfilando ao som de bandas marciais). Já quando falamos de Georg Van Schoenerer podemos falar de maneabilidade política pois seu início liberal se transformou em uma vida pública baseada em uma ideologia conservadora de extrema direita pelo simples fato da grande maioria dos eleitores estarem se convertendo em massa a essa corrente de pensamento, em resultado disso, em 1901 Schoenerer contava com vinte e uma cadeiras no Parlamento Austro-Húngaro.
Apesar das mentes que influenciaram sua construção política estarem em Viena, Hitler passou a odiar a cidade por sua constituição populacional, em sua maioria tchecos, polacos, húngaros, sérvios e croatas. Seu próximo destino não podia ser outro além da bela Munique, onde levou uma vida simples, mas que segundo ele mesmo diria anos mais tarde foi o mais feliz e tranquilo período de sua vida pelo simples fato que não poderia se deixar passar despercebido: Munique era uma cidade alemã as portas de uma guerra. Durante o período que a Alemanha corria para cumprir sua missão armamentistas que se iniciou em 1911/1912, Adolf se ocupava em debates políticos em cafés e cervejarias durante todo o dia quando não estava "devorando" seus livros.
Assim que o arauto da morte anuncia o banquete com o início de uma guerra sem precedentes na história conhecida hoje como I Guerra Mundial, Hitler não se aguenta de emoção e contentamento com a ideia de que aquela não seria apenas uma guerra de duas nações pelo assassinato de um nobre e sim a oportunidade da Alemanha se reafirmar como nação dominante da terra, era a oportunidade de se reerguer o Império Alemão das lendas de Valhala. Não perdeu tempo e enviou uma petição para lutar na companhia de Ludovico III da Baviera embora fosse austríaco e não muito tempo depois recebeu sua resposta: Havia sido aprovado como soldado na 1° Companhia do 16° Regimento Bávaro de Infantaria. Seu contentamento foi tamanho que '[...] caiu de joelhos para dar graças ao céu, de todo coração, pelo favor que lhe ofereceu ao permitir-lhe viver naquele instante'.
Dentro do exército subiu rapidamente de funções enquanto a batalha se desenrolava e ao passo que seus companheiros amaldiçoavam a guerra, ele permanecia em completo êxtase pela batalha e a possibilidade que se lhe havia apresentado segundo sua visão. Se ausentou apenas duas vezes do combate, uma quando foi ferido na perna (nessa ocasião se tratou em Berlim e recebeu a Cruz de Ferro de segunda classe) e a segunda quando um ônus de gás lhe deixou cego precisando ser tratado em Pasewalk, Pomerânia. Durante essa segunda vez enquanto ainda se tratava das feridas, os representantes da nação alemã assinavam o armistício e a amada Alemanha de Hitler se rendia aos Aliados. Em seu livro, Hitler é bem enfático sobre seus sentimentos quanto a esse armistício:
"[...] Tudo havia sido, pois, em vão. [...] Míseros e depravados criminosos! Quanto mais eu procurava naquela hora formar um conceito claro de tão terrível acontecimento, tanto mais fogosa e violenta era a cólera e a vergonha que enrubescia o meu semblante."
Apesar das mentes que influenciaram sua construção política estarem em Viena, Hitler passou a odiar a cidade por sua constituição populacional, em sua maioria tchecos, polacos, húngaros, sérvios e croatas. Seu próximo destino não podia ser outro além da bela Munique, onde levou uma vida simples, mas que segundo ele mesmo diria anos mais tarde foi o mais feliz e tranquilo período de sua vida pelo simples fato que não poderia se deixar passar despercebido: Munique era uma cidade alemã as portas de uma guerra. Durante o período que a Alemanha corria para cumprir sua missão armamentistas que se iniciou em 1911/1912, Adolf se ocupava em debates políticos em cafés e cervejarias durante todo o dia quando não estava "devorando" seus livros.
Assim que o arauto da morte anuncia o banquete com o início de uma guerra sem precedentes na história conhecida hoje como I Guerra Mundial, Hitler não se aguenta de emoção e contentamento com a ideia de que aquela não seria apenas uma guerra de duas nações pelo assassinato de um nobre e sim a oportunidade da Alemanha se reafirmar como nação dominante da terra, era a oportunidade de se reerguer o Império Alemão das lendas de Valhala. Não perdeu tempo e enviou uma petição para lutar na companhia de Ludovico III da Baviera embora fosse austríaco e não muito tempo depois recebeu sua resposta: Havia sido aprovado como soldado na 1° Companhia do 16° Regimento Bávaro de Infantaria. Seu contentamento foi tamanho que '[...] caiu de joelhos para dar graças ao céu, de todo coração, pelo favor que lhe ofereceu ao permitir-lhe viver naquele instante'.
Dentro do exército subiu rapidamente de funções enquanto a batalha se desenrolava e ao passo que seus companheiros amaldiçoavam a guerra, ele permanecia em completo êxtase pela batalha e a possibilidade que se lhe havia apresentado segundo sua visão. Se ausentou apenas duas vezes do combate, uma quando foi ferido na perna (nessa ocasião se tratou em Berlim e recebeu a Cruz de Ferro de segunda classe) e a segunda quando um ônus de gás lhe deixou cego precisando ser tratado em Pasewalk, Pomerânia. Durante essa segunda vez enquanto ainda se tratava das feridas, os representantes da nação alemã assinavam o armistício e a amada Alemanha de Hitler se rendia aos Aliados. Em seu livro, Hitler é bem enfático sobre seus sentimentos quanto a esse armistício:
"[...] Tudo havia sido, pois, em vão. [...] Míseros e depravados criminosos! Quanto mais eu procurava naquela hora formar um conceito claro de tão terrível acontecimento, tanto mais fogosa e violenta era a cólera e a vergonha que enrubescia o meu semblante."
(Hitler como soldado na primeira guerra, na foto ele está em destaque como primeiro à esquerda)
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